LIBRAS É INCLUSÃO: A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA DE SINAIS COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO – POR MAELIZA GALVÃO.

Talvez seja apenas uma impressão, mas parece que nos últimos anos o interesse pela línguas de sinais cresceu fortemente. Não importa que essa curiosidade tenha sido desencadeada pelos artistas que optaram por trazer um intérprete de assinatura ou Avatar 2 ao palco com a criação da linguagem na’vi : isso só pode ser um sinal positivo .

A LIBRAS não é uma forma abreviada do Português, mas uma língua com regras gramaticais, sintáticas, morfológicas e lexicais próprias, que evoluiu naturalmente, como todas as línguas, mas que, ao contrário das outras, se articula numa estrutura muito diferente, que utiliza tanto as componentes manuais, como por exemplo a configuração, posição, movimento das mãos, como as não manuais, como a expressão facial, a postura, etc.

É assim fácil compreender como a língua gestual assenta em mecanismos de dinâmica evolutiva e variação no espaço, constituindo precisamente um importante veículo de transmissão cultural. Trata-se de uma língua que transita pelo canal visual-gestual, o que permite aos surdos oportunidades iguais de acesso à comunicação, em relação aos chamados “sãs”.

Não é possível estabelecer com precisão quando surgiu a língua de Sinais, mas pode-se afirmar com certeza que ela existe desde que surgiu a primeira comunicação humana; na verdade, linguistas e pesquisadores afirmam que evidências de línguas de sinais já estavam presentes em antigas civilizações da China, Índia, Mesopotâmia, Egito, Maya.

Tal como acontece com as línguas vocais, cada comunidade tem sua própria língua de sinais. Por exemplo, na Itália encontramos a língua de sinais italiana (LIS), nos EUA a língua de sinais americana (ASL), na Grã-Bretanha a língua de sinais britânica (BSL), etc., cada uma com suas próprias variantes territoriais específicas e um forte relacionamento com suas respectivas culturas.

A LIBRAS, tal como as outras línguas gestuais do mundo, é uma língua rica e autónoma, com um léxico em constante evolução e regras que permitem “marcar” qualquer tema, desde o mais concreto ao mais abstrato.

É absolutamente importante ensinar desde a primeira infância a crianças nascidas surdas ou com surdez adquirida nos primeiros anos de vida, a linguagem falada e escrita é um processo complexo que requer anos de fonoaudiologia, além de uma prótese precoce e um longo e cansativo percurso educativo, para a criança e para a sua família.

Não poder ouvir os sons, especialmente as frequências em que a linguagem falada viaja, é um obstáculo à aquisição espontânea da linguagem vocal, como acontece nas crianças ouvintes, que pelo contrário aprendem a falar de forma natural e espontânea.

A libras é também uma ferramenta para todas as pessoas que apresentam dificuldades de comunicação verbal causadas por diversas patologias, não necessariamente relacionadas com a surdez, em que a componente cognitiva, comportamental ou emocional/motivacional se encontra comprometida (e.g. autismo). É um meio muito poderoso de inclusão. Ensinar e divulgar a LIBRAS para um país é certamente um sinal de atenção, progresso civil e cultural.

Além disso, a comunicação é uma necessidade humana! Cada criança deve ser capaz de fazer o melhor uso de sua ferramenta de comunicação para alcançar um desenvolvimento sócio-afetivo e cognitivo completo. A LIBRAS permite que as crianças surdas aprendam rapidamente uma língua com a qual se comunicam não apenas com sua própria família, mas com o mundo, permitindo que se encaixem em um contexto social preciso.

E, não se trata apenas de “saber outra língua” mas também de desenvolver uma maior sensibilidade para com as necessidades do outro, neste caso o cliente.
Se você conhece a linguagem LIBRAS, mesmo que seja básica, é bom anotar e destacar no currículo.

Pode se tornar um passo importante para uma sociedade inclusiva.

Assim como no caso do desenho universal, ou seja, um tipo de desenho o mais inclusivo possível para todos, a escolha de aprender e, portanto, difundir a língua de sinais é também uma forma de projetar uma sociedade inclusiva do ponto de vista comunicativo.

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